terça-feira, 9 de novembro de 2010

janela quadrangular



O sol seguia árduo abaixo do horizonte
convocando a magia das trevas para
enfeitiçar e dominar o ilimitado céu dos amantes.
E o senhoril tempo sucedia como uma roda gigante
intimando-me continuamente a respirar no seu ritmo.
Eu tinha um minuto para observar a
bela andorinha pousar. Após seu pouso,
sete dias se passaram e o
quarto crescente do meu ardor
incendiou-se em uma formosa lua cheia
para a qual era admissível contemplar da janela
quadrangular da parede revestida de
massa corrida do meu quarto aceirado
que evitava a propagação das chamas
do lume de seu amor desvairado.

A janela quadrangular que emoldura a lua
é também a transitante dos seus passos
desajeitados que acodem até mim
toda noite lunática para
colocar-me na cama e sonhar
enquanto a ópera do seu acalanto age
como um acantodáctilo no
deserto da minha audição afagada
por sua voz quimérica e sedutora.


''Afortunada eu subsistir incessantemente em uma noite inflamada de lua cheia... ''

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