terça-feira, 14 de abril de 2015

cisão



As pessoas me dizem que não sou escolhida,
quando digo que tenho asas
logo se juntam para corta-las

Daqui de cima tudo é tão pequeno,
e tão grande ao mesmo tempo.
Elas não entendem como serem iluminadas,
ficam com seus pés no chão
feito bichos em jaulas da espontaneidade.
Tudo é tão rápido nesse cotidiano,
que ainda as sobram tempo
pra criticarem o meu gradual reino.

Aqui sou emancipada,
ouço, e, as vezes até obedeço
aquelas vozes, sabe?
Vem lá do fundo da mente,
é só fechar os olhos pra paz brotar.

Abutres me vigiam o tempo todo,
são mandados por aqueles lá de baixo,
os pobres de espíritos,
que acham que isso aqui é loucura em demasia.
Querem me ver cair, mas loucos são eles
que não são providos da sapiência
de que invento e reinvento a
minha veracidade conforme meus pensamentos ordenam,
eles vêm sem censura e recheados de desejos.

Os infelizes ainda querem me internar
enquanto solto
risos em meio a seus
desesperos,
carros,
fumaças,
apegos,
tosses sem ritmos...

Eles têm medo de sair dos apartamentos...
Caminhar pelas ruas é perigoso demais!
Somente bares superlotados daqueles
que possuem enxofre circulando nas veias...
Exageram na bebida,
e mesmo assim o que querem?
Desconstuir a minha realidade.

Subsisto prospera cindida de vocês,
o analista eu também já larguei.
Além de tentar me desatinar,
me prende em uma sala fétida
ao som de buzinas na Av. Principal.
Meus ouvidos são apurados demais,
e quando me sento para supostamente conversar
sinto meu coração acelerado
junto aquelas almas que correm
pelas calçadas imundas atrás de
remédios para suportar carregos até a hora de deitar.
E mesmo assim calmantes são devorados
para sonhos jamais serem sonhados.
Triste verdade hediondez ausente
de fantasias tanto diurnas quanto noturnas.

Deviam mesmo é conhecer Saturno,
seu anel é mágico e encarregado
de transmitir serenidade para aqueles seres transcendentes.
Na minha ultima viagem fui convidada
a permanecer por lá...
Não existem muros,
relógios,
grades,
roupas,
ganância,
inveja...
Existem seres de luz que voam, assim como eu.
Vontade não faltou,
mas eu não posso ir embora,
aceitei minha missão
e aqui vou cumprir...

Pra vocês posso morrer louca,
porém vou morrer feliz!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

tais cachos

Cintilantes cachos desatinados
refletidos pelos raios do desgostoso Sol,
o qual se acovarda pela distância,
e o admira apenas pelo toque de seu ardor.

Dias temidos são aqueles em que as Nuvens decidem dançar...
O Sol se cobre e seu querido não pode mirar,
mas azar é das nuvens por sua pele não conseguir tocar,
restando o descontentamento com a sorte
de poder somente apreciar tais cachos,
os reclamados pelas divindades naturais.

Pertinaz mesmo é a Lua que enfeita o firmamento
enquanto o Sol se põe a cantar.
Invasiva e aflita o saudá com um nostálgico luar.
De imediato, almeja sua pele acariciar,
e quando ele se deita ora para sua janela jamais fechar.
Antes toda sombra fosse decorada pela Lua cheia,
é quando ela se veste por completa de graciosidade para aqueles cachos amar.

Conforme a claridade padece as estrelas se deitam para
os airosos cachos contemplar.
Zelam seu amor ricas de ciúmes pela iluminação da cidade
atrapalhar os olhos daquele que arduamente consegue as enxergar.
Mas é no entreabrir dos olhos que lá no alto do morro
bilhões de Estrelas se juntam,
para a existência destes singelos cachos festejar.

A morada calada dos ninhos intercala sua passada,
seu silêncio jamais foi temido
por versos de ternura não se poder pronunciar.
Satisfeita é, apenas, por seu caminho assegurar,
junto as raízes que se contentam em seu peso suportar.
Admira desde sua copa aqueles belos cachos bailar
ao ritmo do vento que os sopram em direção ao mar,
o qual pelo universo é invejado por seu corpo abrigar.

Toda sua imensidão
é capaz de sentir aquele desejado corpo se refrescar,
e pela sua grandeza,
que seu esconderijo nunca foi descoberto pelas incansáveis
viagens de uma perdida sereia,
a qual não se afadiga em procurar,
ela percorre Mar adentro por aqueles cachos sem desesperançar,
os quais sempre sonhou,
e que talvez por um instante,
o egóico mar insiste em faze-los se desencontrar.