terça-feira, 27 de abril de 2010

1 gole perto do sol

Essa madrugada apavorante e fria me consome aos poucos, sugando todas as energias que ainda me resta. É possível sentir o sangue frio circulando perante minhas veias dos pés a cabeça. As de antes eram quentes e hoje seis anos mais velha em 10 meses eu sinto crise, eu sinto convulsão, eu sinto falta de ar, falta de você. Vontade de partir, vontade de parar ou quem sabe vontade de voltar.
Quanto mais eu penso, mais a ferida se abre e menos que a madrugada passa. Eu preciso do sol, eu preciso me aquecer, a frieza está me matando e o sol vai demorar muito para nascer, então é impossível controlar a sede daquela velha garrafa de conhaque para sincronizar a minha respiração ofegante com as batidas do meu coração. O som do líquido se esparramando devagar sobre o copo me alivia, me fazendo-me sentir mais leve. O seu aroma me dá calafrios na ponta da espinha, mas nada se compara com o primeiro gole que me esquenta e me conforta do maldito frio e da maldita solidão que me enlouquece todas as madrugadas.
Após o primeiro gole eu me convenço de que eu pertenço a aquela garrafa, ela me livra dos demônios, me liberta dos desejos, me tira do tormento da realidade em não te ter mais aqui comigo para me aquecer e me proteger.
Tudo passa, você passa e a madrugada também passa, ela passa a despedir mais rápido ao passar dos goles, cada gole me deixa mais perto do nascer do sol.
Chega o último gole e eu não sinto mais as minhas pernas e nem o leve gosto do conhaque. Por que o mundo se encarregou em te levar daqui? Dizem por aí que o tempo é o melhor remédio, mas ele só está me desfazendo aos poucos desta vida. Começo a chorar em lamentar por todas essas madrugadas que vem se passando completamente iguais durante esses onze meses que você partiu.
O sol bateu na janela do meu quarto me chamando para ir se deitar, meus olhos ficam pesados e agora eu só quero dormir, dormir, dormir...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

olhos de ressaca

Embora eu não durma há dois dias permanecendo com olhos de ressaca de ti isso me machuca e ao mesmo tempo me faz bem lembrar-me de você.
Eu vou sentar na varanda pela noite com um vinho barato enquanto o palheiro chega ao fim para assistir o céu ficar laranja e me esquecer do mundo que conheci, mas juro que não vou esquecer-me de ti. Não quero lua nem estrelas, só quero que o vento traga o teu cheiro até mim.
Meus pensamentos voam de encontram aos teus para te desejar uma boa noite a algum tempo já.
O meu corpo desgastado se encontra sobre um penhasco pendurado por um fio, esperando pela hora de você cortar e me afundar de vez.
Perdi a direção ao conhecer você e não sei mais andar em linha reta, tu embaralhou todos os meus caminhos e fez um redemoinho com as minhas linhas para seguir.
No céu consiste uma única estrela que chamarei de você e vou ficar aqui fora te observando até te ver partir.
Raras foram as situações que me encontrei assim olhando para as minhas mãos e me sentindo triste, porque o espaço entre os meus dedos são bem onde os seus se encaixam perfeitamente.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

aonde quer

Tu pode até tentar fugir, mas para sempre vai estar aqui comigo.

Acho que nunca procurou tentar entender o que eu realmente sentia e sinto por você ou nunca se importou em saber. Não da mais para te colocar sempre no topo da minha vida, sempre em primeiro lugar. Eu quero viver bem também, como eu sei muito bem que você vive. Chega de te idealizar, você não é e nunca foi nenhum pouco perfeito. O mundo foi cruel e parou de girar para mim, se estabilizando somente em você, enquanto a você continuou a girar. Levo tuas belas palavras dita a cada instante junto a mim. A verdade é que eu não agüento mais pensar em ti, juro que não agüento mais mesmo. Isso me corrói por dentro, formando feriadas e fazendo arder muito forte conforme lembro que existe. Não vou te dizer que foi tudo em vão as coisas que te disse, só vou te dizer que continuo errando e que nada mudou, não para mim.

E tu sentes? Não, nunca sentiu.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

dozape krew

A cada pingo de suor escorrido nas manobras daqueles dez fieis escudeiros de Deus a habilidade crescia junto a paixão. Tardes de roles no Multy, São Paulo, Favela do Pantanal solidificava o amor dos integrantes da banca peZada Dozape Krew pelo o skate. Um hobby que passou a ser inteiramente chamado de vida. Não sabiam nada do mundo para os pais prioridade era o estudo, mas o que eles queriam era um grande impulso no escuro no calçadão das ruas de São Paulo conforme a corrida crescia sempre uma alegria. Depois de uma longa corrida a partir do meio dia se encontravam na balada vulgo Millo. Todos de boné, calça ganga e tênis style a cada batida surgiam novas menininhas. Faziam sucesso a cada esquina que passavam eram cumprimentados até pelas telhas dos telhados. Agradeciam a deus pelas manobras conquistadas junto à câmera para registrar as etapas ultrapassadas. Não queriam playstation nem bicicleta só o skate no pé, uma pista por perto e no céu um sol amarelo. Várias batalhas entre derrotas e vitórias nos campeonatos de skate pelo Brasil a fora onde guardaram medalhas e lembranças de seus desempenhos. Itapira, Extrema, Curitiba e Olímpia são algumas das cidades por onde fizeram amizades e que hoje lês pertencem. Skate parado e a cabeça nas nuvens a larica os chamam para o cinquentinha do senhor Rubens. Ralados e torções tiveram várias vezes, levantaram de seus tombos e tentaram novamente. Enquanto o tempo agüentar pode os chamar, pois os Dozape vão chegar firme e forte pra andar no role e no final você vai ver que eles nunca um dia imaginaram que seriam chamados de profissional.

pe za do -> do za pe
rick, coelho, biel, gui, kid, helder, bruno, kbç, oreia e neguinho

terça-feira, 20 de abril de 2010

menino-homem

Hoje à noite vou te chamar para conversar entre a Noite Estrelada enquanto a festa acontece e todos os moços e As Moças de Avignon se encontram lá dentro embriagados sem perceberem a nossa falta. Contar-te que no vale de Guernica eu entro em pânico e em uma constante guerra contra teus truques e armadilhas que me agarram pelos braços te acorrentando em meus pensamentos. Vou te confessar que quebrei o vaso de Girassóis ao pensar em você com outra garota e dei a cada caco no chão um motivo para não abrir mão de possuir os teus olhares tentativos que me fazem errar a direção. Você me tira a fome quando me lembro do teu sorriso torto e tímido que se passa despercebido. A festa vai ser só um borrão, eu vou é te levar comigo a Persistência da Memória para que se encarregue de derreter os nossos relógios e fazer com que o tempo passe mais lentamente para ficarmos caminhando enquanto conversamos e brincamos entre O Mamoeiro da Noite Estrelada. Quero atravessar a Ponte Japonesa segurando as tuas mãos, enquanto o luar reflete sobre o lago e ilumina teus olhos e teus lábios. Beijar-te no alto da Montanha Gelada e voltar para a festa antes que O Abaporu se de conta da nossa falta. Contando os segundos para entrelaçar os nossos passos hoje à noite e te dar todo o meu amor que guardei durante anos, sem mais tentar evitar e continuar a andar na contramão. Vou pintar esse romance na tela da vida com todas as tintas a óleo possível, afinal, menino tão homem como você me leva sempre onde quer.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

tchau

Ok, vamos falar sério e rápido antes que a porção que se encontra sobre a mesa se esgote. Pra começar, eu acho que a palavra cansada se resume em tudo o que eu preciso te falar. Cansei do teu jeito de andar, cansei do jeito de olhar, cansei do teu jeito de falar, cansei de tudo, cansei de você. Não quero saber ou ouvir caso tenha algo a me dizer, não quero mais seguir o meu caminho com você. Tu foste um erro. É bom errar, mas quando se é proibido e prazeroso. Não adianta me ligar porque eu troquei o meu número do celular, não adianta bater na porta de casa porque amanhã cedinho estou voltando para a minha cidade natal. Acho que estou gastando muito do meu corrido tempo, mais do que eu já gastei com você e nem fritura eu posso comer. Então para terminar eu estou terminando com você. Ah! Antes que eu me esqueça à porção já está paga.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

mais que uma jóia

Seus traços finos, seus olhos pequenos e escuros eram tudo o que eu mais precisava. Eu procurava te sentir no vento, na chuva, na luz, na música. Tudo o que me fazia bem, me fazia lembrar de ti. A saudade continua mais intensa do que nunca. Aquela saudade nunca sentida antes, aquela saudade impossível de se existir. Sonhar com o seu rosto valia mais que a jóia mais cara do mundo. Nenhuma jóia rara podia ser comparada com o brilho dos teus olhos. Tu vivias intensamente dentro de mim, se encontrava em cada momento de felicidade e de tristeza da minha vida. Nós éramos felizes enquanto eu dormia. Tu eras o meu guia, a minha alma, a minha busca pela felicidade. Eu só queria te sentir mais perto do que eu já sentia. Eu tinha planos, tu tinhas planos, nós tínhamos planos, mas o vento levou, a chuva lavou, a luz me cegou e a música parou.

domingo, 4 de abril de 2010

sorriso encantador

Meu deus, eu posso ver aquele sorriso a quilômetros daqui. O brilho de seus dentes atravessa toda a pista de dança atraindo todos os meus instintos proibidos. Ele segura seu drink com firmeza e com a outra mão ajeita seu cabelo despenteado e bagunçado pela batida da música. Conforme seu jeito de andar da para perceber que é o favorito pelas garotas por aqui, estão todas como cadela no cil, atiradas, esperando uma oportunidade como cobras venenosas para dar o bote. Será que meu cabelo está bom? Eu o quero aqui agora comigo envolvido nos meus braços. To me aproximando como quem não quer nada, talvez de muito na cara porque eu não consigo desviar meus olhos daqueles lábios, eles me atraem, estão me hipnotizando. Ele parou de conversar com o amigo dele e virou a cabeça lentamente para observar o movimento do local, foi aí que nossos olhares se cruzaram e agora ele não para de olhar aqui, será que eu dei na cara? Será que ele percebeu? Que vergonha, preciso sair daqui, mas o olhar dele foi fatal, está agindo como um veneno sobre o meu corpo que me paralisou completamente. Ele riu solene para mim, mas eu não consegui sorrir de volta. Que burra! Faça alguma coisa! Não consigo sair daqui, então ele riu e veio andando diretamente em minha direção. Cada passo dele era um frio na barriga que me deixava louca. Ele chegou e me convidou para conversamos em um lugar mais privado, ele me segurou pelo braço e me levou até o balcão. Que pele macia e hálito fresco ele tem, com aroma de menta, esse aroma me deixou com mais desejo daqueles lábios do que nunca. Acho que sou a menina mais invejada da danceteria está noite. Ele pediu dois drinks e ficamos conversando, seu nome era Adriel, belo nome. Ele disse que me conhecia a tempos de vista, mas que nunca teve coragem o suficiente para conversar comigo. Enquanto ele falava, eu seguia todos os movimentos de sua boca, era inevitável olhar para outro lugar. Acho que eu estava deixando ele sem jeito. Eu tentava me controlar, mas não estava conseguindo. O que está acontecendo comigo? Eu nunca fui assim. Graças a uma força milagrosa ele foi se aproximando do meu lado, enquanto conversava comigo mexia em meu cabelo, e eu sentia seu hálito sobre o meu rosto, que a cada palavra cantada por aquela boca me deixava mais encantada. Por um momento o assunto se esgotou, foi quando eu me atrevi e me virei em sua direção, ele estava sério por um segundo, mas ele sorriu e veio se aproximando até o meu ouvido e sussurrou: ''não dá pra evitar'' beijou suavemente meu pescoço me entrelaçando perante seus braços quentes, meu coração batia mil por hora, eu queria aquele momento pra sempre, destruir os segundos, destruir os minutos, destruir as horas, para o tempo não passar. Com seu lábio seguiu do meu pescoço até minha boca, eu desejava com esse movimento a noite inteira. Foi o beijo mais doce e prazeroso de toda a minha vida. Ele parou com seu feitiço carnal, olhou para mim e disse que queria me ver mais vezes, que isso nunca havia acontecido antes com ele, que estava completamente dominado pelos meus olhares, pelo o meu toque e pelo o meu cheiro. Para mim a única que me importava naquele momento era o Adriel. Ele voltou a me beijar, beijávamos com a batida da música entrando por nossos ouvidos e nos deixando mais conectados e atraídos. A danceteria já estava se esvaziando, mas eu não queria ir. Ele pediu meu celular e prometeu me ligar no outro dia, se despediu de mim com um último beijo e sussurrou que já estava com saudade de mim. Fui para a casa me sentindo a mulher mais feliz e realizada do mundo e agora o que me resta é esperar pela ligação de amanhã.

sábado, 3 de abril de 2010

tudo o que eu gosto

tem sabor de pecado, é feio, censurado, imoral, fora da Lei, engorda e faz mal pra saúde.

maysa matarazzo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

vermelho X verde

Acordou como todas as manhãs para ir trabalhar. Pegou seu velho agasalho, entrou no carro e ligou seu rádio na mesma estação de sempre. Seguiu a Avenida Brasil em seu Fiat preto quando de repente parou no sinal vermelho do semáforo. Ela parou e pela primeira vez olhou em volta de si, para os lados observando a correria das pessoas no dia-a-dia, a rotina que as guiam e fala o que elas podem ou não fazer.
Naquele momento ela sentiu o tédio que a perseguia como se fosse sua sombra, que a seguia vinte e quatro horas por dia. Sua vontade era de sair daquele carro e correr para longe, para qualquer lugar até onde o fôlego agüentasse e escapar daquela sua rotina.
O sinal continuava fechado, demorava a abrir e aquelas buzinas e o motor do carro estavam dando eco dentro de sua cabeça. Seus nervos imploravam pra sair, ela estava suando frio, não queria mais aquilo, não queria mais seguir, não queria mais nada.
Aquele sinal vermelho mudou completamente a sua vida, mostrou a ela que era hora de parar e pensar na vida que é feita para ser vivida, no qual ela não está fazendo, é só mais uma que toca a vida como um robô, um robô escravo do cotidiano programado para obedecer às ordens da rotina. A sua decisão veio a tona, era hora de mudar.
O sinal se abriu e ela pegou o primeiro retorno para a casa, foi fazer o que gosta, sentir o tempo passar na tranqüilidade harmônica do dia sem se preocupar com nada. Ela nem se lembrava mais de como era bom uma das coisas mais simples da vida como respirar, piscar, tocar e observar.
Nenhum engarrafamento foi tão demorado como aquele, para ela foram trinta minutos de aflição esperando num sinal em apenas trinta segundos. Uma parada, um novo começo. Um sinal vermelho para um sinal verde.