quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

menino do sul


Menino do sul
no deserto da indiferente madrugada
imagino-te planando entre a maldita estância
que ecarregou-se de cercar o seu monumental vulto
encantador dos meus olhos afadigados
de tanto procurar e nada encontrar
ao despertarem-se junto do sol,
que em algum lugar, longe,
queima a sua pele macia
e cobiçada pelos deuses do Olimpo.
Menino do sul
tenho ciúme do chão que assegura-te,
da alma que habita-te,
da luz que resplandece-te,
da água cristalina que banha-te e
do ar jovial que leva-te
os meus ardentes desejos excêntricos
enquanto peço para Deus sempre proteger-te
e guardar-me na sua mochila de anseios.
Menino do sul
é triste olhar para as minhas mãos desabitadas
e senti-las desventuradas por meus dedos não
poderem entrelaçar-se com o calor dos seus.
É mais triste ainda afortunar-me
com um sorriso umbrático ou
com os lábios apurados,
os quais pelo em tempo algum degustei.
Menino do sul
você é a mais pura saudade
dos braços aconchegantes que jamais aquentou-me.
Invejo a lua que toda noite
estrelada, ou não, olha-te adormecido.
A sua brutal beleza vive intensamente
dentro do meu corpo escravizado por tanto desengano.
Menino do sul
o meu travesseiro liquefeito já não aguenta mais
suportar todo o peso dos meus
pensamentos presos em suas palavras aflitivas.
Por que deixa-me tão equivocada?
Eu tenho os meus segredos e planos
incompreensíveis às criaturas não iniciadas,
só compartilho-os com você e mais ninguém.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

olá, dezembro


Queremos um sol mais amarelo,
um céu mais estrelado,
línguas mais ousadas e
corações com mais façanha.
Queremos sentir a magia do espírito de natal
contagiando o turbilhão das ruas,
ouvir os sinos de Belém,
agradar o povo oprimido e
festejar com os camaradas desatinados por natureza
em meio a tanta compressão orçamentária.
Queremos ver os pássaros,
banharem-se nas suas chuvas de verão,
crianças correndo na contramão,
jornais noticiando a sua chegada solidária,
filas de bicicletas dos ociosos na estrada,
a virgem sentada junto à mesa dos ordinários e
surdos respondendo à farsantes questionários.
Olá dezembro,
há quanto tempo não é mais especial
agora já não sei,
se foi eu quem dormiu demais ou
se ainda sou aquela garotinha esperando pela mãe afectuosa na porta da escola.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

tão belo como o meu mau gosto


Confesso-te que eu queria ser forte
como aquele raparigo do Rio,
que purifica a sua alma e
esconde-se dos 40º na água fria e salgada do mar,
sem desfazer-me ao cuspir sentimentos truncados
para os seus ouvidos fartos de tanta
canção antropofágica dos revolucionários anos 60
ao exprimir tudo o que eu tenho
sufocado e comprimido dentro do peito desamparado.

Onda de desejos que quebrou em mim,
encha-me de alegria e venda-me o seu corpo
borrado pelo nakin petulante.
Mastigue os poderes ideológicos e
dance ao som do tamborim.
Quebre CDs e ouça vinis.
Jogue fora o diamante e presenteia-me
com a rosa mais deslumbrante do jardim.
Tão belo como o meu mau gosto causador de
desgosto na minha retina queimada
pelo seu cintilante sorriso desgracioso e inibido.
''Seja marginal, seja herói''
Seja a minha pop art, seja o meu concretismo.
Digere-me junto às vanguardas e componha uma canção
para o nosso movimento de afeto musical.
Tome uma cerveja, escreva o meu nome na areia.
Diga-me que vai bem e que volta-te melhor ainda.
Plante e colha com as mãos sujas de terra
molhada a pimenta e os amigos cordiais.
Ande dolorosamente descalço no nosso caminhar errante.
Leia livros em brancos e redija romances bizarros.
Solte pipa na vila sem vento e cruze a avenida pinheiros.
Rasgue dinheiro, o destruidor das cousas belas.
O céu é tão bonito, pinte-o de laranja e
guarde sua identidade no bolso direito da calça.
Beije-me com vontade e ofereço-te a minha mais solene paz.
''Seja marginal, seja herói''
Seja compositor, seja o meu amor.

admiração verde musgo

Há pessoas que enamoram e deslumbram-se ao enxergar o verde das árvores caladas.
Há pessoas que choramingam por não poderem divisar o verde do gramado do vizinho ao lado.
Há pessoas que contemplam o verde como uma evasão da realidade.
Há pessoas também que não tem tempo para descortinar qualquer tipo de verde que seja: lima, abacate, esmeralda, primavera, oliva, escuro, claro, desbotado... Os derivados sujeitos de verde que enche de regozijo a peça da vida.
Eu exclusivamente admiro-me com o categórico verde musgo do seu allstar pisante que sobe próspero a serra entre as folhagens verde-bandeira buscando sua altura máxima até se avizinhar da minha airosa e acanhada poeira estelar de benevolência refletida na água verde ocasional do mar e realçada por seus olhos turvos e azuis, os quais me tomaram e provocaram uma contenda pertinaz com a minha órbita serena verde-marciano.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

janela quadrangular



O sol seguia árduo abaixo do horizonte
convocando a magia das trevas para
enfeitiçar e dominar o ilimitado céu dos amantes.
E o senhoril tempo sucedia como uma roda gigante
intimando-me continuamente a respirar no seu ritmo.
Eu tinha um minuto para observar a
bela andorinha pousar. Após seu pouso,
sete dias se passaram e o
quarto crescente do meu ardor
incendiou-se em uma formosa lua cheia
para a qual era admissível contemplar da janela
quadrangular da parede revestida de
massa corrida do meu quarto aceirado
que evitava a propagação das chamas
do lume de seu amor desvairado.

A janela quadrangular que emoldura a lua
é também a transitante dos seus passos
desajeitados que acodem até mim
toda noite lunática para
colocar-me na cama e sonhar
enquanto a ópera do seu acalanto age
como um acantodáctilo no
deserto da minha audição afagada
por sua voz quimérica e sedutora.


''Afortunada eu subsistir incessantemente em uma noite inflamada de lua cheia... ''

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

esquina de amores e dores

Ontem à noite eu conheci um errante
heróico entre a nevoa da sociedade.
Ele progredia fausto e enfarpelado
contracultura do maldizente bairro.
Com interjeição de admiração
roubou-me o juízo perspicaz. Satisfeito,
virou a secreta esquina de amores e dores e
foi-se embora junto a fragrância
do caminhar fétido que se despedia entre o luar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

contrapartida


A fechadura foi rompida por tuas mãos formidáveis
e a porta encontra-se escancarada,
deixando a luz do teu sol cintilar
intensamente em meu perturbado olhar.

Logo o passado desvairado,
como a tua cabeça naquela noite domesticada
pela garrafa prezada de whisky adormecido,
tem me procurado amiúde ao desabrochar dos dias.

Concebi naquela noite remota ter testemunhado
o checkmate da tua jogada mal designada,
mas atualmente encontro peças renascendo
do tabuleiro poeirento para elucidar
quem sabe um novo ataque repentino.

Decerto gostas de brincar com a minha lucidez,
e desorientar todos os meus sentidos pesarosos,
que pesam em minhas costas abatida de executar
tanta força para segurar toda essa desordem.

A porta está aberta, entre.
Vamos deixar extinguir-se a luz do sol
e nos trancar aqui dentro,
assim a nossa noite poderá durar para sempre.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

maviosidade

Herói do orgulho e vilão da razão
te imploro qualquer apólice, um miseravel botão
de um ramo de rosa, de um vestuário, tanto faz,
apenas para aliviar essa minha vontade pertinaz.

Entrego-te imensuráveis universos de poemas em meu mirar
radiante de invisível apego que não se pode vedar
de tanta ternura que que tomou o centro do meu corpo
como um antígeno ausente de um anticorpo.

Das suas palavras a minha aflição,
o mais julgado sentimento de apreensão.
e das minhas vagas palavras
a mais simples erudição de concreto dolor.

Faz-me chegar à mais veemente melancolia
quando se despede e rapta a minha isolada harmonia.
Daí então, só se resta a minha boca ávida,
que fuma e exala a saudade de sua pele pálida

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

garota sueca

Já não me resta mais tempo para separar o certo do errado.
É a hora de quebrar todas as certezas, deixar a vontade falar mais alto
e me conduzir para qualquer lugar, para aquele bar.
O simples bar da esquina que se tornou num bar de intensos amores.
Naquela noite foi diferente,
conheci uma presa que o balcão o deixava mais velho,
realmente ele era o cara mais belo.
Tinha os traços de sua face sincronizados com o seu sorriso.
Eu não precisei fazer muito esforço.
Ele se aproximou vagarosamente
com sua jaqueta preta forrada em couro envelhecido,
punhos com zíper,
se apresentando como o rei do galinheiro.
Eu já percebi de cara qual era o seu estilo.
De longe eu observava que era o favorito
pelas garotas por aqui. Estavam todas como
cadelas no cio. Atiradas, esperando por uma vaga oportunidade
para dar o bote como cobras venenosas.
Mas do meu veneno eu estava convencida.
O envolvi na minha dança de cigana e
o dominei com os meu truques ensaiados.
Os truques sempre usados quando a noite se desperta pra mim.
Depois de alguns drinks baratos,
enquanto o paiêiro chegava ao fim eu estava
convicta de que havia ganhado o seu fraco coração.
O leão durão estava mole e enfeitiçado pela a mulher de carne nova.
Provou da minha carne, era tarde demais.
Sentiu do meu veneno e a cede pelos meus lábios o levou a Saturno.
Ele se encontrava alucinado.
Levou-me para ver a lua enquanto segurava as minhas mãos.
Deu a cada estrela no céu um motivo para lindas
e cansativas juras de amor.
Eu senti o melhor beijo, quente como o Texas.
A nossa sincronia era invejada pelos deuses do Olímpio.
Era como se ele já tivesse me possuído em alguma outra vida.
Como se tivéssemos sido amantes na década de 70,
quando eramos jovens, loucamente apaixonados pelo rock n’roll e
pregávamos a nossa própria filosofia de vida.
Na busca da paz, do amor e pelo o mais intenso prazer.
Um romântico a moda antiga me prometeu o mundo
ao dizer que estava completamente envolvido
em meus olhos negros de cordeiro arrependido.
Envolvia-me em seus braços enquanto eu o
hipnotizava com o forte aroma de meu cheiro feminino.
Então, nós deitamos sob a luz do doce luar e
eu o amei como jamais amei ninguém naquele precipício.
Já era quase dia, a lua se despedia e
o meu amor também se despedia.
Era hora de partir, seguir em frente o meu caminho na contramão
e quebrar todos os laços construídos naquela noite
para que coubesse em uma simples e dolorosa caixinha de lembranças.
O que vale possuir o mundo e
não conquistar a mulher amada?
Eu podia ver esperança em seu olhar,
mas a dança de cigana tinha que continuar.
''Amado, o meu amor é livre como uma águia.
Feroz como um lobo,
que uiva e corre por essas bandas a fora
atrás de uma presa frágil.
Não se prende canarinho que só quer voar.
Não fique com essa cara de cão abandonado.
A questão é que eu não posso ser a sua prisioneira.
Não se iluda, pois do meu lado é pra valer.
Saiba que foi bom enquanto durou,
foi bom o nosso amor.''

terça-feira, 28 de setembro de 2010

overdose de libido


Sintomas ardentes como as chamas que
incendeiam o seu incompreensível e mais belo olhar.
Sorriso fatal, que ao se abrir
me ganhou para o seu mundo paralelo de fuga.
É o possuidor do olhar que me roubou as mais singelas palavras
e depois me destruiu sem deixar se quer
um mero vestígio de poeira da minha nobre existência.
Virou-me de um lado para o outro,
mesmo estando-nos parados.
Procurei naquela madrugada encontrar
a sintonia perfeita dos seus
ásperos suspiros que me desejavam
enquanto a lua sorria para você
e me detestava ao mesmo tempo.
É a forte tragada de paixão avassaladora
que dominou a minha cabeça e alinhou
os nossos pensamentos em um só.
É o que tem o mais enjoativo cheiro amargo
em cada peça de pano meu pelo o qual abraçou
com os seus amáveis braços, os quais me envolveram
inexplicavelmente na sua dança sem ritmo e
esquisita, que bailou as minhas arriscadas madrugadas.
É a minha extrema overdose de libido
que atraiu os meu instintos mais sacanas.
É o navio rajado que me embarcou para o
inferno irresistível de seu sujo amor.
É a doença causada por sua ausência que esvanece
o aperto no meu coração,
tendo como a única cura a sua saudosa presença.
Vendi a alma ao diabo ao contemplar
o seu encanto.
Sim, você é o único esta noite querido.
Vivo agressiva contracultura dentro do seu
imenso labirinto que não me deixa escapar.
O meu tipo favorito de heroína é o seu charme.
Oh, minha estrela decadente,
eu não posso negar que é minha ponte para o abismo.
Volte com o seu groove na próxima noite de lua cheia,
ou parta para sempre com os sete ventos.
Enquanto eu respirar o seu toque,
e expirar a saudade de sua desgraça,
eu levarei comigo as suas células mortas
vivas no hemisfério esquerdo de meus lábios.

domingo, 19 de setembro de 2010

última composição

''...e disso os loucos sabem...''


Caminhando pela tua sombra assombrosa
Nós somos escravos também.
A sombra se submete no claro
E se esconde quando a noite chega.
Escondem-se nas tuas veias
Imploram por um pouco de paz
E nos confins do crepúsculo
Você e sua sombra são um só
E se tornam transparentes como água.
Algo me suga para dentro de mim
Meus olhos cedem e se fecham cansados
Da longa trajetória do tempo derrotado.
Possuo três corações, eu fecho os olhos e
Posso senti-los dentro de mim.
Cada vez mais forte o som fica
Ecoa dentro de meus ouvidos.
As batidas vão crescendo
É pura música.
Ele está parando
Não posso ouvi-lo.
E a harmonia vai me levando pra longe daqui
Para me dominar num paraíso distante.

 
Alberto/Laura

bom dia

Eu acho que dormi pesado demais esses graciosos sete dias que se passaram, e só agora me dei conta e acordei confusa e sem saber o que perdi enquanto sonhava com o ideal. Abri os meus olhos salgados de lágrimas aqui nesse silencioso quarto juvenil aonde me encontro perdida, e avistei um quadro médio, pendurado em um dos lados da parede branca e fria como a neve, de uma menina com os lábios desenhados pelo o toque suave do glóss que reflete cuidadosamente o flash esperado em sua carne labial. Eu queria possuir os olhos alegres dela para também poder enxergar as cores venenosas. O preto e branco estão me deixando doente, me entretendo no caminho psicótico do subconsciente que luta contra uma raivosa dor de cabeça que implora por um pouco de paz. Ah, qual é?! O belo nem é mais tão belo assim! Agora o que eu quero é voltar a dormir e parar de pensar, porque o problema é que eu penso demais, chego a pensar tanto que me prendo em meus pensamentos e não fico livre para poder viver tranqüila até mesmo a tão desejada liberdade. Eles não me deixam ser explícita, mas saiba que estou pensando.


 Às vezes eu preferia não ter despertado do sono idealizado ou às vezes estou embriagada de tanto dormir, ou até mesmo ainda dormindo. Mas às vezes tudo é só uma questão de opinião.

terça-feira, 13 de julho de 2010

stairway to hell

O relógio do inferno está correndo contra você. A sua alma ele quer capturar e a levar para longe da daqui, para longe de onde haja luz e qualquer vestígio de paz.
Você tem meio caminho percorrido. A fria escada se encontra mais quente e diminuindo conforme se gastam os ásperos segundos.
A escuridão está te cegando, fazendo com que os teus olhos comecem a arder e deles escorrendo lágrimas, lágrimas calorosas de sangue. Você fica mais cansado a cada degrau subido, pisando por cima da dor e do sofrimento de outros fracos e pobres mortais, que não servem nada mais nada menos como um simples apoio descartável.
Agora que já está no último degrau é tarde demais para se arrepender, não tem mais volta, não tem mais sangue e não tem mais luz. Só há você e o teu falso ego causando-te dor.

domingo, 11 de julho de 2010

name 7

Hoje, só hoje eu sei que é de verdade e eu não quero cuspir esse momento xadrez no qual eu não vivia por entediantes e ardentes segundos para longe. Mesmo que amanhã naça o mesmo sol eu só não quero que ele mude os raios de direção e me deixe no escuro das trevas novamente. Não, não agora. Porfavor.

Prazer, meu sétimo nome é medrosa.

terça-feira, 22 de junho de 2010

glicose de escuridão

Pra que não tentar evitar se no final do tempo queimado é tu quem vai se machucar. Eu não preciso de seus conselhos baratos, ninguém precisa. Pode com eles ficar. Se engasgue com eles e no final os vomite. Sim, vomite muito. Junto com tudo aquilo de podre e nojento que guardas dentro do teu pequeno projeto de corpo que pode se chamar humano. Tome uma boa glicose de escuridão e deixe com que as luzes negras apodreçam o teu castanho coração.
Os ventos trocaram a direção e o que eu mais temia aconteceu. As chamas se espalharam como a dor espalha o sofrimento.
Tu estás achando errado, eu não me encontro mais com medo. Eu estou apenas cantando a cantiga do arrependimento. E se ainda não percebeu a história não é mais tua, já mudou há muito tempo. 
Para de ser o velho estúpido tolo de sempre, o meu papel não era esse, foi tu quem a ele desejou. Hoje eu posso dizer com todas as palavras que eu senti o amor multiplicando o ódio.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

infinitas polegadas



Parece que quanto mais longe, mais intenso fica e se consolida. Infinitas polegadas demarcam a sofrida rodovia para o paraíso proibido, o meu paraíso. Polegadas de dor, solidão, desejo, frieza e amor, muito amor que se distancia com o passar dos dias cinzentos. O meu oco coração está sangrando por saudade, escorrendo e deixando rastros de sangue por essas tristes estradas a fora. É possível que você me ache pelo forte odor de ferro em meus rastros de sangue e assim se lembre de mim pelo menos mais uma última lamentável vez. Incompreensível dúvida de te ligar ou não para ouvir a sua tão sonhada voz de traição, a voz do meu anjo, do meu anjo do pesadelo que a noite não me deixa dormir.
Eu não consigo encontrar as palavras certas, eu não consigo mais pensar em outra coisa, você não pode entender, ninguém pode. Eu só quero um dia poder acordar e me esquecer de que você vive e respira o mesmo ar seco que nos separa.
Os balões estão à solta te procurando por aí, saiba que é um sinal de alguém que aqui nesse fim de túnel grita por ti, convivendo sozinha apenas com os agudos ecos que chamam e imploram por teu falso nome.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

12 corpos e 1 alma

Doze corpos dançantes e doze almas entrelaçadas em uma só voando perante o palco contagiando e conquistando jurados e platéias.
Um ar de vitória trocado, por dores e incontáveis gotas escorridas, gotas de suor cansado que pelo caminho foi dando forma a um mar de felicidade onde no final o suor salgado se misturou com lágrimas de satisfação e todas nele mergulharam de cabeça para comemorar o bem feito da união e sincronia não só dos passos, mas também da ofegante respiração e da quente circulação sangüínea.
Somos todas vencedoras, não só pelo resultado, mas como também pela evolução das dançarinas que deslizam sobre a vida com o passar dos dias.
Parabéns meninas você foram demais e especialmente parabéns a Professora Danila pela criatividade, paciência e intensa dedicação e proteção com o seu invisível véu de pura fé sobre nós.
Porque quando estamos juntas lutamos pelos mesmos objetivos, não temos medo do que nos aguardam, fomos muito bem preparadas para isso, temos coragem e determinação de não ceder até que até que o último segundo da música se desgaste.

12 em 1
1 em 12
Não somos irmãs de sangue
Mas somos irmãs de palco
12 corpos dançantes
Dentro de 1 só coração


É quase meia noite e algo maligno está espreitando na escuridão, a luz se acende e o terror está à solta. Tudo começa por um pulso, você tenta gritar, mas só consegue dançar, ouvir e sentir o entusiasmo de quem nos assiste, pois nenhum mero mortal pode resistir. A gargalhada nos conduz para o chão, cinco minutos e alguns segundos se passaram, a porta se fecha e assim a luz se apaga. Porque isto é o terror, noite do terror ou se preferir a vitória do terror.


ASSITA A DANÇA

sábado, 22 de maio de 2010

menos 9

As palavras gastas se encontram jogadas e perdidas ao vento, se perdendo conforme os ponteiros rodam e as correntes da solidão as arrastam para lugar nenhum. Essas mesmas palavras que um dia fizeram os olhos de um ouvinte brilhar, hoje no turbilhão da rua fazem os olhos de um contador de mentiras sinceras chorarem. O drama e a trama nas palavras guardadas agora em cada célula morta perante a boca se constroem em linhas tortas do presente de tal modo que imagem fique nua e crua.

Palavras perdidas,
No silêncio de um passado,
Palavras sofridas,
Entre um texto apagado.

São só frias palavras mais do que a mente humana um dia imaginara.

1 intervalo na escuridão

Você consegue ser tão intrometida que conseguiu conquistar a minha amizade e a minha total confiança. Tuas caras e bocas, shows e abraços ninguém nesse mundo faz igual. Eu sei que sou uma pessoa difícil, que não gosto muito das pessoas e que também não sou muito explícita, mas tudo isso não quer dizer que eu não sinta. A tua amizade pra mim é algo para se levar para o resto da minha vida. Histórias, aventuras, mentiras que o tempo não pode apagar, coitada de nossas mães! O mundo nos fez amiga porque nenhuma mãe nos agüentaria como irmãs. Posso sentir o que está sentindo por um simples movimento no olhar e coisa que eu sei você adivinha sem ninguém ter te contado ou imaginado.

Desculpa se algum dia te fiz mal,
Juro-te que não foi intencional.
Eu preciso de você para caminhar,
Como você precisa de mim para te ajudar.
Inverno,
Primavera,
Verão ou
Outono
Só o que você tem que fazer é me chamar.

Algumas pessoas sorriem, algumas pessoas choram, algumas pessoas vivem, algumas pessoas morrem e algumas pessoas correm. Eu corro pra viver contigo e sorrir junto a ti nos detalhes mais despercebidos nesse mundo desumano entre mortes e festas, feridas e cascas.
Cedo ou tarde o mundo vai se encarregar de girar diferente e fará com que nossos caminhos se separem tomando rumos diferentes, mas eu tenho que aceitar e sei que um dia tudo isso você vai lembrar.
Especial é comum demais, você é mais que especial e essencial amiga.
Obrigada por me ajudar, por cuidar de mim e obrigada principalmente por me deixar fazer parte da tua vida.
Sabe onde me encontrar, eu estarei sempre no farol te esperando para ver o sol se pôr...

é, eu te amo s2

sábado, 15 de maio de 2010

e hoje ela acordou pra não mais te esperar

quinta-feira, 13 de maio de 2010

copas

Já faz tempo demais que eu não vejo mais o sol nascer pra mim, desde quando eu sonhei bem aqui nesse mesmo lugar, nessa mesma cidade, nessa mesma cadeira de que o teu dia mais feliz seria o mesmo que o meu. Essa constante situação não me diz adeus e eu nunca sofri tanto assim querendo e desejando algo sem ter uma explicação, só que explicação isso nenhuma requer e infelizmente jamais terá. O sinal está fechado pra mim. O belo nem é mais tão belo assim, o possível é completamente impossível e eu só não quero que tanto amor assim se apague num intenso ódio. É o memento de o real parar de caminhar junto ao irreal e deixar esse pobre coração que se encontra prestes a parar de bater livre para viver uma história de verdade. O errado e o impossível sempre me encantaram, acho que foi por isso que deixei me levar nessa fantasia realista e você sabe que eu faço tudo errado e do errado. Mas como você ser um erro, se nunca o cometi? Os dias passam me fazendo acostumar a viver assim no úmido desse beco sem saída, mas eu cansei de aceitar perder sempre o mesmo jogo. Agora já passou da hora de ser a minha vez de embaralhar as cartas e distribuí-las do meu jeito sem que você receba as tuas, pois você vai estar fora do meu jogo e conseqüentemente fora da minha vida.

“perdeu o morto hihi”

terça-feira, 27 de abril de 2010

1 gole perto do sol

Essa madrugada apavorante e fria me consome aos poucos, sugando todas as energias que ainda me resta. É possível sentir o sangue frio circulando perante minhas veias dos pés a cabeça. As de antes eram quentes e hoje seis anos mais velha em 10 meses eu sinto crise, eu sinto convulsão, eu sinto falta de ar, falta de você. Vontade de partir, vontade de parar ou quem sabe vontade de voltar.
Quanto mais eu penso, mais a ferida se abre e menos que a madrugada passa. Eu preciso do sol, eu preciso me aquecer, a frieza está me matando e o sol vai demorar muito para nascer, então é impossível controlar a sede daquela velha garrafa de conhaque para sincronizar a minha respiração ofegante com as batidas do meu coração. O som do líquido se esparramando devagar sobre o copo me alivia, me fazendo-me sentir mais leve. O seu aroma me dá calafrios na ponta da espinha, mas nada se compara com o primeiro gole que me esquenta e me conforta do maldito frio e da maldita solidão que me enlouquece todas as madrugadas.
Após o primeiro gole eu me convenço de que eu pertenço a aquela garrafa, ela me livra dos demônios, me liberta dos desejos, me tira do tormento da realidade em não te ter mais aqui comigo para me aquecer e me proteger.
Tudo passa, você passa e a madrugada também passa, ela passa a despedir mais rápido ao passar dos goles, cada gole me deixa mais perto do nascer do sol.
Chega o último gole e eu não sinto mais as minhas pernas e nem o leve gosto do conhaque. Por que o mundo se encarregou em te levar daqui? Dizem por aí que o tempo é o melhor remédio, mas ele só está me desfazendo aos poucos desta vida. Começo a chorar em lamentar por todas essas madrugadas que vem se passando completamente iguais durante esses onze meses que você partiu.
O sol bateu na janela do meu quarto me chamando para ir se deitar, meus olhos ficam pesados e agora eu só quero dormir, dormir, dormir...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

olhos de ressaca

Embora eu não durma há dois dias permanecendo com olhos de ressaca de ti isso me machuca e ao mesmo tempo me faz bem lembrar-me de você.
Eu vou sentar na varanda pela noite com um vinho barato enquanto o palheiro chega ao fim para assistir o céu ficar laranja e me esquecer do mundo que conheci, mas juro que não vou esquecer-me de ti. Não quero lua nem estrelas, só quero que o vento traga o teu cheiro até mim.
Meus pensamentos voam de encontram aos teus para te desejar uma boa noite a algum tempo já.
O meu corpo desgastado se encontra sobre um penhasco pendurado por um fio, esperando pela hora de você cortar e me afundar de vez.
Perdi a direção ao conhecer você e não sei mais andar em linha reta, tu embaralhou todos os meus caminhos e fez um redemoinho com as minhas linhas para seguir.
No céu consiste uma única estrela que chamarei de você e vou ficar aqui fora te observando até te ver partir.
Raras foram as situações que me encontrei assim olhando para as minhas mãos e me sentindo triste, porque o espaço entre os meus dedos são bem onde os seus se encaixam perfeitamente.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

aonde quer

Tu pode até tentar fugir, mas para sempre vai estar aqui comigo.

Acho que nunca procurou tentar entender o que eu realmente sentia e sinto por você ou nunca se importou em saber. Não da mais para te colocar sempre no topo da minha vida, sempre em primeiro lugar. Eu quero viver bem também, como eu sei muito bem que você vive. Chega de te idealizar, você não é e nunca foi nenhum pouco perfeito. O mundo foi cruel e parou de girar para mim, se estabilizando somente em você, enquanto a você continuou a girar. Levo tuas belas palavras dita a cada instante junto a mim. A verdade é que eu não agüento mais pensar em ti, juro que não agüento mais mesmo. Isso me corrói por dentro, formando feriadas e fazendo arder muito forte conforme lembro que existe. Não vou te dizer que foi tudo em vão as coisas que te disse, só vou te dizer que continuo errando e que nada mudou, não para mim.

E tu sentes? Não, nunca sentiu.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

dozape krew

A cada pingo de suor escorrido nas manobras daqueles dez fieis escudeiros de Deus a habilidade crescia junto a paixão. Tardes de roles no Multy, São Paulo, Favela do Pantanal solidificava o amor dos integrantes da banca peZada Dozape Krew pelo o skate. Um hobby que passou a ser inteiramente chamado de vida. Não sabiam nada do mundo para os pais prioridade era o estudo, mas o que eles queriam era um grande impulso no escuro no calçadão das ruas de São Paulo conforme a corrida crescia sempre uma alegria. Depois de uma longa corrida a partir do meio dia se encontravam na balada vulgo Millo. Todos de boné, calça ganga e tênis style a cada batida surgiam novas menininhas. Faziam sucesso a cada esquina que passavam eram cumprimentados até pelas telhas dos telhados. Agradeciam a deus pelas manobras conquistadas junto à câmera para registrar as etapas ultrapassadas. Não queriam playstation nem bicicleta só o skate no pé, uma pista por perto e no céu um sol amarelo. Várias batalhas entre derrotas e vitórias nos campeonatos de skate pelo Brasil a fora onde guardaram medalhas e lembranças de seus desempenhos. Itapira, Extrema, Curitiba e Olímpia são algumas das cidades por onde fizeram amizades e que hoje lês pertencem. Skate parado e a cabeça nas nuvens a larica os chamam para o cinquentinha do senhor Rubens. Ralados e torções tiveram várias vezes, levantaram de seus tombos e tentaram novamente. Enquanto o tempo agüentar pode os chamar, pois os Dozape vão chegar firme e forte pra andar no role e no final você vai ver que eles nunca um dia imaginaram que seriam chamados de profissional.

pe za do -> do za pe
rick, coelho, biel, gui, kid, helder, bruno, kbç, oreia e neguinho

terça-feira, 20 de abril de 2010

menino-homem

Hoje à noite vou te chamar para conversar entre a Noite Estrelada enquanto a festa acontece e todos os moços e As Moças de Avignon se encontram lá dentro embriagados sem perceberem a nossa falta. Contar-te que no vale de Guernica eu entro em pânico e em uma constante guerra contra teus truques e armadilhas que me agarram pelos braços te acorrentando em meus pensamentos. Vou te confessar que quebrei o vaso de Girassóis ao pensar em você com outra garota e dei a cada caco no chão um motivo para não abrir mão de possuir os teus olhares tentativos que me fazem errar a direção. Você me tira a fome quando me lembro do teu sorriso torto e tímido que se passa despercebido. A festa vai ser só um borrão, eu vou é te levar comigo a Persistência da Memória para que se encarregue de derreter os nossos relógios e fazer com que o tempo passe mais lentamente para ficarmos caminhando enquanto conversamos e brincamos entre O Mamoeiro da Noite Estrelada. Quero atravessar a Ponte Japonesa segurando as tuas mãos, enquanto o luar reflete sobre o lago e ilumina teus olhos e teus lábios. Beijar-te no alto da Montanha Gelada e voltar para a festa antes que O Abaporu se de conta da nossa falta. Contando os segundos para entrelaçar os nossos passos hoje à noite e te dar todo o meu amor que guardei durante anos, sem mais tentar evitar e continuar a andar na contramão. Vou pintar esse romance na tela da vida com todas as tintas a óleo possível, afinal, menino tão homem como você me leva sempre onde quer.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

tchau

Ok, vamos falar sério e rápido antes que a porção que se encontra sobre a mesa se esgote. Pra começar, eu acho que a palavra cansada se resume em tudo o que eu preciso te falar. Cansei do teu jeito de andar, cansei do jeito de olhar, cansei do teu jeito de falar, cansei de tudo, cansei de você. Não quero saber ou ouvir caso tenha algo a me dizer, não quero mais seguir o meu caminho com você. Tu foste um erro. É bom errar, mas quando se é proibido e prazeroso. Não adianta me ligar porque eu troquei o meu número do celular, não adianta bater na porta de casa porque amanhã cedinho estou voltando para a minha cidade natal. Acho que estou gastando muito do meu corrido tempo, mais do que eu já gastei com você e nem fritura eu posso comer. Então para terminar eu estou terminando com você. Ah! Antes que eu me esqueça à porção já está paga.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

mais que uma jóia

Seus traços finos, seus olhos pequenos e escuros eram tudo o que eu mais precisava. Eu procurava te sentir no vento, na chuva, na luz, na música. Tudo o que me fazia bem, me fazia lembrar de ti. A saudade continua mais intensa do que nunca. Aquela saudade nunca sentida antes, aquela saudade impossível de se existir. Sonhar com o seu rosto valia mais que a jóia mais cara do mundo. Nenhuma jóia rara podia ser comparada com o brilho dos teus olhos. Tu vivias intensamente dentro de mim, se encontrava em cada momento de felicidade e de tristeza da minha vida. Nós éramos felizes enquanto eu dormia. Tu eras o meu guia, a minha alma, a minha busca pela felicidade. Eu só queria te sentir mais perto do que eu já sentia. Eu tinha planos, tu tinhas planos, nós tínhamos planos, mas o vento levou, a chuva lavou, a luz me cegou e a música parou.

domingo, 4 de abril de 2010

sorriso encantador

Meu deus, eu posso ver aquele sorriso a quilômetros daqui. O brilho de seus dentes atravessa toda a pista de dança atraindo todos os meus instintos proibidos. Ele segura seu drink com firmeza e com a outra mão ajeita seu cabelo despenteado e bagunçado pela batida da música. Conforme seu jeito de andar da para perceber que é o favorito pelas garotas por aqui, estão todas como cadela no cil, atiradas, esperando uma oportunidade como cobras venenosas para dar o bote. Será que meu cabelo está bom? Eu o quero aqui agora comigo envolvido nos meus braços. To me aproximando como quem não quer nada, talvez de muito na cara porque eu não consigo desviar meus olhos daqueles lábios, eles me atraem, estão me hipnotizando. Ele parou de conversar com o amigo dele e virou a cabeça lentamente para observar o movimento do local, foi aí que nossos olhares se cruzaram e agora ele não para de olhar aqui, será que eu dei na cara? Será que ele percebeu? Que vergonha, preciso sair daqui, mas o olhar dele foi fatal, está agindo como um veneno sobre o meu corpo que me paralisou completamente. Ele riu solene para mim, mas eu não consegui sorrir de volta. Que burra! Faça alguma coisa! Não consigo sair daqui, então ele riu e veio andando diretamente em minha direção. Cada passo dele era um frio na barriga que me deixava louca. Ele chegou e me convidou para conversamos em um lugar mais privado, ele me segurou pelo braço e me levou até o balcão. Que pele macia e hálito fresco ele tem, com aroma de menta, esse aroma me deixou com mais desejo daqueles lábios do que nunca. Acho que sou a menina mais invejada da danceteria está noite. Ele pediu dois drinks e ficamos conversando, seu nome era Adriel, belo nome. Ele disse que me conhecia a tempos de vista, mas que nunca teve coragem o suficiente para conversar comigo. Enquanto ele falava, eu seguia todos os movimentos de sua boca, era inevitável olhar para outro lugar. Acho que eu estava deixando ele sem jeito. Eu tentava me controlar, mas não estava conseguindo. O que está acontecendo comigo? Eu nunca fui assim. Graças a uma força milagrosa ele foi se aproximando do meu lado, enquanto conversava comigo mexia em meu cabelo, e eu sentia seu hálito sobre o meu rosto, que a cada palavra cantada por aquela boca me deixava mais encantada. Por um momento o assunto se esgotou, foi quando eu me atrevi e me virei em sua direção, ele estava sério por um segundo, mas ele sorriu e veio se aproximando até o meu ouvido e sussurrou: ''não dá pra evitar'' beijou suavemente meu pescoço me entrelaçando perante seus braços quentes, meu coração batia mil por hora, eu queria aquele momento pra sempre, destruir os segundos, destruir os minutos, destruir as horas, para o tempo não passar. Com seu lábio seguiu do meu pescoço até minha boca, eu desejava com esse movimento a noite inteira. Foi o beijo mais doce e prazeroso de toda a minha vida. Ele parou com seu feitiço carnal, olhou para mim e disse que queria me ver mais vezes, que isso nunca havia acontecido antes com ele, que estava completamente dominado pelos meus olhares, pelo o meu toque e pelo o meu cheiro. Para mim a única que me importava naquele momento era o Adriel. Ele voltou a me beijar, beijávamos com a batida da música entrando por nossos ouvidos e nos deixando mais conectados e atraídos. A danceteria já estava se esvaziando, mas eu não queria ir. Ele pediu meu celular e prometeu me ligar no outro dia, se despediu de mim com um último beijo e sussurrou que já estava com saudade de mim. Fui para a casa me sentindo a mulher mais feliz e realizada do mundo e agora o que me resta é esperar pela ligação de amanhã.

sábado, 3 de abril de 2010

tudo o que eu gosto

tem sabor de pecado, é feio, censurado, imoral, fora da Lei, engorda e faz mal pra saúde.

maysa matarazzo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

vermelho X verde

Acordou como todas as manhãs para ir trabalhar. Pegou seu velho agasalho, entrou no carro e ligou seu rádio na mesma estação de sempre. Seguiu a Avenida Brasil em seu Fiat preto quando de repente parou no sinal vermelho do semáforo. Ela parou e pela primeira vez olhou em volta de si, para os lados observando a correria das pessoas no dia-a-dia, a rotina que as guiam e fala o que elas podem ou não fazer.
Naquele momento ela sentiu o tédio que a perseguia como se fosse sua sombra, que a seguia vinte e quatro horas por dia. Sua vontade era de sair daquele carro e correr para longe, para qualquer lugar até onde o fôlego agüentasse e escapar daquela sua rotina.
O sinal continuava fechado, demorava a abrir e aquelas buzinas e o motor do carro estavam dando eco dentro de sua cabeça. Seus nervos imploravam pra sair, ela estava suando frio, não queria mais aquilo, não queria mais seguir, não queria mais nada.
Aquele sinal vermelho mudou completamente a sua vida, mostrou a ela que era hora de parar e pensar na vida que é feita para ser vivida, no qual ela não está fazendo, é só mais uma que toca a vida como um robô, um robô escravo do cotidiano programado para obedecer às ordens da rotina. A sua decisão veio a tona, era hora de mudar.
O sinal se abriu e ela pegou o primeiro retorno para a casa, foi fazer o que gosta, sentir o tempo passar na tranqüilidade harmônica do dia sem se preocupar com nada. Ela nem se lembrava mais de como era bom uma das coisas mais simples da vida como respirar, piscar, tocar e observar.
Nenhum engarrafamento foi tão demorado como aquele, para ela foram trinta minutos de aflição esperando num sinal em apenas trinta segundos. Uma parada, um novo começo. Um sinal vermelho para um sinal verde.