quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

menino do sul


Menino do sul
no deserto da indiferente madrugada
imagino-te planando entre a maldita estância
que ecarregou-se de cercar o seu monumental vulto
encantador dos meus olhos afadigados
de tanto procurar e nada encontrar
ao despertarem-se junto do sol,
que em algum lugar, longe,
queima a sua pele macia
e cobiçada pelos deuses do Olimpo.
Menino do sul
tenho ciúme do chão que assegura-te,
da alma que habita-te,
da luz que resplandece-te,
da água cristalina que banha-te e
do ar jovial que leva-te
os meus ardentes desejos excêntricos
enquanto peço para Deus sempre proteger-te
e guardar-me na sua mochila de anseios.
Menino do sul
é triste olhar para as minhas mãos desabitadas
e senti-las desventuradas por meus dedos não
poderem entrelaçar-se com o calor dos seus.
É mais triste ainda afortunar-me
com um sorriso umbrático ou
com os lábios apurados,
os quais pelo em tempo algum degustei.
Menino do sul
você é a mais pura saudade
dos braços aconchegantes que jamais aquentou-me.
Invejo a lua que toda noite
estrelada, ou não, olha-te adormecido.
A sua brutal beleza vive intensamente
dentro do meu corpo escravizado por tanto desengano.
Menino do sul
o meu travesseiro liquefeito já não aguenta mais
suportar todo o peso dos meus
pensamentos presos em suas palavras aflitivas.
Por que deixa-me tão equivocada?
Eu tenho os meus segredos e planos
incompreensíveis às criaturas não iniciadas,
só compartilho-os com você e mais ninguém.

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