quarta-feira, 29 de setembro de 2010

garota sueca

Já não me resta mais tempo para separar o certo do errado.
É a hora de quebrar todas as certezas, deixar a vontade falar mais alto
e me conduzir para qualquer lugar, para aquele bar.
O simples bar da esquina que se tornou num bar de intensos amores.
Naquela noite foi diferente,
conheci uma presa que o balcão o deixava mais velho,
realmente ele era o cara mais belo.
Tinha os traços de sua face sincronizados com o seu sorriso.
Eu não precisei fazer muito esforço.
Ele se aproximou vagarosamente
com sua jaqueta preta forrada em couro envelhecido,
punhos com zíper,
se apresentando como o rei do galinheiro.
Eu já percebi de cara qual era o seu estilo.
De longe eu observava que era o favorito
pelas garotas por aqui. Estavam todas como
cadelas no cio. Atiradas, esperando por uma vaga oportunidade
para dar o bote como cobras venenosas.
Mas do meu veneno eu estava convencida.
O envolvi na minha dança de cigana e
o dominei com os meu truques ensaiados.
Os truques sempre usados quando a noite se desperta pra mim.
Depois de alguns drinks baratos,
enquanto o paiêiro chegava ao fim eu estava
convicta de que havia ganhado o seu fraco coração.
O leão durão estava mole e enfeitiçado pela a mulher de carne nova.
Provou da minha carne, era tarde demais.
Sentiu do meu veneno e a cede pelos meus lábios o levou a Saturno.
Ele se encontrava alucinado.
Levou-me para ver a lua enquanto segurava as minhas mãos.
Deu a cada estrela no céu um motivo para lindas
e cansativas juras de amor.
Eu senti o melhor beijo, quente como o Texas.
A nossa sincronia era invejada pelos deuses do Olímpio.
Era como se ele já tivesse me possuído em alguma outra vida.
Como se tivéssemos sido amantes na década de 70,
quando eramos jovens, loucamente apaixonados pelo rock n’roll e
pregávamos a nossa própria filosofia de vida.
Na busca da paz, do amor e pelo o mais intenso prazer.
Um romântico a moda antiga me prometeu o mundo
ao dizer que estava completamente envolvido
em meus olhos negros de cordeiro arrependido.
Envolvia-me em seus braços enquanto eu o
hipnotizava com o forte aroma de meu cheiro feminino.
Então, nós deitamos sob a luz do doce luar e
eu o amei como jamais amei ninguém naquele precipício.
Já era quase dia, a lua se despedia e
o meu amor também se despedia.
Era hora de partir, seguir em frente o meu caminho na contramão
e quebrar todos os laços construídos naquela noite
para que coubesse em uma simples e dolorosa caixinha de lembranças.
O que vale possuir o mundo e
não conquistar a mulher amada?
Eu podia ver esperança em seu olhar,
mas a dança de cigana tinha que continuar.
''Amado, o meu amor é livre como uma águia.
Feroz como um lobo,
que uiva e corre por essas bandas a fora
atrás de uma presa frágil.
Não se prende canarinho que só quer voar.
Não fique com essa cara de cão abandonado.
A questão é que eu não posso ser a sua prisioneira.
Não se iluda, pois do meu lado é pra valer.
Saiba que foi bom enquanto durou,
foi bom o nosso amor.''

Um comentário:

  1. Fico feliz em encontrar lirismo e ácido nas veias de uma conterrânea.

    Acabas de ganhar um leitor.

    [=

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